Bem-vindos ao Lugar de Fala Psicanálise & Psicologia, uma plataforma que nasceu da visão da Psicóloga Clínica e Psicanalista Carolina Miralha em 2020, durante os desafios iniciais da pandemia.
Carolina, motivada pelo desejo de manter viva a troca de ideias sobre psicanálise e nuances da vida, criou este espaço como um ponto de encontro para explorar esses temas.
Em 2021, ao receber o convite para levar a Psicanálise além-fronteiras, Carolina mergulhou em novas experiências, fortalecendo sua prática que sempre integra teoria e clínica, enraizada na formação tradicional do tripé Freud-Lacaniano: Análise, Estudo e Supervisão.
Em 2023, o Lugar de Fala evoluiu para um novo formato a medida que novos projetos foram desenvolvidos, permitindo expandir nossos horizontes, inclusive contando com uma equipa de profissionais especializados, com objetivo de promover a única exigência que a clínica da Psicanálise possui: construir junto aquele que procura um psicanalista uma maneira melhor de viver.
Ciências diferentes, com objetos de pesquisas diferentes.
A verdade do sujeito surge da e na equivocação.
Na análise, a verdade surge pelo que é o representante mais manifesto da equivocação – o lapso a ação que se chama impropriamente falhada. Nossos atos falhados são atos que são bem sucedidos, nossas palavras que tropeçam são palavras que confessam.
Falar em psicanálise é, também, falar em processo, em interação e em desprendimento ao se tentar alcançar a verdade em realidades fixas e imutáveis. É abrir mão do tempo vigente, cronológico, é propor trabalhar em uma dimensão de tempo em que um sujeito se estrutura, se cria, se inventa, e que, por isso, é um tempo singular, inaplicável a outro, é um tempo que só tem lógica se considerado na dimensão da lógica da estrutura do sujeito em questão na psicanálise, o sujeito do inconsciente.
Segundo Lacan, a descoberta de Freud inaugura um discurso inédito, uma nova modalidade de laço social, a partir da qual podemos pensar retroativamente as outras modalidades já existentes desde sempre na civilização (Lacan, 1970/1992).
Nos últimos anos verificou-se um desânimo com os efeitos de longo prazo do uso das “novas medicações” dos anos 1990. Pacientes tornam-se crônicos em escala de massa.
Crianças iniciam suas carreiras psiquiátricas à base da ampliação diagnóstica de categorias como autismo e déficit de atenção. Adolescentes tornam-se hiperativos tratados com metilfenidato (ritalina).
Uma epidemia de suicídios acomete os jovens adultos. Velhos adultos ingressam na depressão ansiosa e resistente à medicação. A busca da felicidade virou a fuga do desprazer.
A esperança de cura tornou-se o consolo de possuir quatro ou cinco diagnósticos e ter que administrar, burocraticamente, a própria alma para sempre – o que ironicamente ressoa fortemente com a antiga crítica de que a psicanálise demora muito.
A Psicanálise tem sido abordada como uma prática de tratamento do sofrimento, o que a coloca no domínio amplo das tecnologias de cura, na qual se insere como um instrumento do alívio comparável como a medicação. Freud, no entanto, definia a psicanálise de três maneiras:
(1) um método de tratamento,
(2) um método de investigação e
(3) uma teoria que reúne e colige os resultados clínicos e conceituais assim obtidos.
É no espaço da própria análise que o analista irá fazer a experiência singular do inconsciente atualizado na transferência, adquirindo assim um saber que não está nos livros, já que se trata da verdade totalmente única e singular do sujeito.
A Supervisão individual possibilita o exame mais acurado dos problemas ligados à contratransferência, além de propiciar o acompanhamento longitudinal de um único paciente, o que coaduna com a posição epistemológica da psicanálise, cujo conhecimento advém do aprofundamento do estudo do caso único. Ainda que a supervisão tenha efeitos analíticos - e isso é desejável -, ela não se confunde com a análise.
Os seminários teórico-clínicos que construo e proponho na transmissão da Psicanálise, buscam remontar à descoberta freudiana primordial. Privilegio, assim, a leitura da obra de Freud, cujo conhecimento considero condição sine qua non para qualquer outro conhecimento teórico que se venha a ter em Psicanálise.